quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CADUCA

A magreza é uma coisa que te faz corcunda
Só pele e osso, só osso que duro, dura
Sente candura na pele escura

No relembrar
No saltitar no peito
Eu digo:
Será mesmo desse jeito?

Em meio ao desconhecido
- Muito prazer!
Não mais
Está difundido

Imagem distorcida
Caduca a minha voz
Minha dor caduca
Caducou
Caducou a minha dor
Caduca
Caduca

E aquela paz que nem me lembro mais
Aquela voz
Aquele olhar difuso
Que não vejo e nem mais uso

A tua mão na minha nuca
Sutil a tua culpa
Caduca

Da minha vida

Mas segue que nem serpente
Quando a caça é a gente

Corre, corre
Ela te pega, te morde e te cega

Cobra cega tu és
Vampiriza os meus sentidos
Faz dos sons, dos grunhidos
Sinfonias de amar

Ah, cuidado criança
O bicho vai te pegar

Entre a foice e a ciranda
Era triste a tua lida
Em matéria do comum
Em matéria não vivida

Caduca mãe, eu também caducarei
Caduca pai
Caduca como a dívida no banco
Como os anos primeiros me trazem pranto
Porque já meio que os caduquei

Já caduquei o encanto
E me desencanto
Com o laço que embrulha o presente que não foi-me dado de coração
Era só decoração

Um coração para colocar em alguma estante ou alambrado
Com palavras decoradas
Que fazem sempre brilhar à retina
E acredita a mente cretina

Não mais!
Devolva minha paz
Que a sua eu não roubei
Tchau
Não quero mais falar
Que me cansei



Joy Mafaro

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