quarta-feira, 25 de março de 2015

HÁ UMA SECA

Rio de águas doces
Desce sua nascente
Não acorrente
Não há corrente?

Deixa eu mergulhar em ti
Alegremente
Não acorrente
Não há corrente?

Me faz livre
Liberte a minha mente
Não acorrente
Não há corrente?

Me leva ao mar de amar
Me faz presente
Não acorrente
Não há corrente?

Onde foi parar o rio
Cadê ele minha gente?
Não acorrente
Não há corrente?

O prenderam em algum lugar?
Acabou-se de repente?
Não acorrente
Não há corrente?

Ouvi alguém dizer:
-Aterraram!
-Ampliaram!
-Enfeitaram!

Agora vão uma rua fazer
Cheia de lojas
Vitrines
Mostruários
Monstros diários
Cheia do que não queremos ver

Com a água que lá estava
Fizeram lavagem cerebral
E agora todo mundo alienado
Todo mundo pensando igual

Fujo dessas ruas 
Onde não quero passar
Frequentemente
Frequentam minha mente

Como um relógio que hipnotiza
O mesmo ritmo
A mesma batida
A mesma medida

Tá tudo normal, né!?
Mas eu não digeri
O povo superficial
Jamais mergulha em si

Rio de águas límpidas
Onde posso mergulhar
É minha mente
E ela mente?

Vou bem fundo
Ainda consigo respirar
Suavemente
Breve
Mente



Joy Mafaro
Grata por toda colaboração de: Adriana Januário, Clara Cecília, Fram Alves e Juliana Macedo

domingo, 22 de março de 2015

FONTE DA VIDA

Tá faltando água
Mas tá faltando muito mais alma

É raso
Supérfluo
Ninguém quer ir mais fundo

Cada um na sua
Cada um por si
E assim está o mundo

Tenho preguiça de acordar
Navegar na rede
Me canso em caminhar
Tenho sede

Porque tá faltando água
Mas tá faltando muito mais alma
Nessa gente



Joy Mafaro